O Conselho Municipal de
Cultura vem a público manifestar preocupação com a situação na
região do Cajueiro em São Luís-Maranhão bem como das comunidades
tradicionais existentes nas proximidades que guardam secular produção
simbólica, em especial o do Terreiro do Egito. Desde 2014 esta
região vem sofrendo assédio por parte de agentes ligados à empresa
WPR/Torres que envida esforços no sentido de viabilizar a construção
de um terminal portuário privado que servirá como canal de
escoamento da grande produção ligada ao agronegócio da região
conhecida como nova fronteira agrícola do agronegócio – MATOPIBA.
Acontece que na região se
encontra o Terreiro do Egito que é um verdadeiro patrimônio
histórico e cultural da cidade de São Luís, do Estado do Maranhão
e da diversidade cultural brasileira. Tal terreiro é emblemático
como símbolo para grande parte dos Terreiros de Mina que são
descendentes diretos dos cultos e tradições realizados
historicamente neste terreiro cujas narrativas remontam ao século
XIX. O Conselho Municipal de Cultura de São Luís considera que tal
patrimônio não pode ser maculado pela presença de qualquer tipo de
empreendimento privado que se sobreponha ao direito público do
convívio e do encontro com referências culturais ancestrais, como
propõe a instalação de um terminal portuário privado de grande
escala.
Na região conhecida pela
presença centenária de famílias de pescadores que mantém viva a
tradição da pesca artesanal também se encontram 23 comunidades com
diversas manifestações culturais tradicionais do Estado do Maranhão
como Bumba-meu-boi, Tambor de Crioula - reconhecidas como patrimônio
imaterial do Brasil, Festas do Divino, Capoeira – patrimônio
mundial, além de manifestações do catolicismo popular.
A ilha de
Tauá-Mirim é um imenso criatório de aves e de reprodução dos
ecossistemas ligado ao mangue e também se encontra na região. A
instalação de um porto nessa região provocaria uma imensa tragédia
ambiental, social e cultural, com reflexos em toda a ilha de São
Luís, violando os Direitos Humanos. Nesse sentido, o Conselho
Municipal de Cultura apoia a criação imediata da Reserva
Extrativista do Tauá-Mirim com vistas à preservação desta
inestimável riqueza biológica da região.
O Conselho Municipal de
Cultura informa por fim, que está protocolando junto à Secretaria
Municipal de Cultura e à Fundação Municipal do Patrimônio
Histórico recomendação de tombamento e providências para a
salvaguarda dessas importantes manifestações culturais para a
História e a Cultura da cidade de São Luís e do Maranhão
verdadeiro patrimônio do nosso povo e do Brasil.
São
Luís, 26 de Fevereiro de 2016
CONSELHO MUNICIPAL DE
CULTURA DE SÃO LUÍS
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